“Sonhámos um País”: É o título do filme biográfico que ainda não teve luz verde para passar nas televisões moçambicanas

INTEGRITY-MOÇAMBIQUE, 09 de Abril de 2023-Camilo de Sousa é um cineasta que nos anos 70 acabou ingressando na FRELIMO, com o objectivo de lutar pela igualdade e liberdade do povo oprimido pelo regime colonial português. Entretanto, após a independência não concordou com as metamorfoses sociopolíticas e económicas que se assistiram, principalmente na incessante busca pelo "homem novo" que no entender do autor que falava ao VOA veio destruir os sonhos e as ilusões de um País.

Com um documentário de 70 minutos, Camilo de Sousa e Isabel Noronha, trazem outros e mais detalhes da história do País contados na primeira pessoa, portanto, o filme ainda não obteve aval para passar nas televisões moçambicanas devido às narrativas que apresenta, dentre eles, os contornos do acontecimento do famigerado acampamento do quartel Omar, os erros que se seguiram ao longo do processo, entre outras peripécias que o mesmo apresenta. Os outros aspectos são devido à veia crítica do cineasta que, lamenta o facto de após vários anos de independência, o País esteja como está.

O documentário que contém dizeres como: “das janelas desta casa, sonhei um País justo, um País livre e igual para todos os moçambicanos, sonhei e lutei (…).”

Após assistir ao documentário no auditório da UCCLA, em Lisboa, Cristina Plácido, espectadora e que viveu em Moçambique, questionou o rumo do País. “Como é que hoje há tribalismo em Moçambique? Era uma das coisas que o Presidente Samora, quis sempre dizer, abaixo o tribalismo. Eu quero agradecer à Isabel por nos terem mostrado os erros que houve e senhor embaixador já não é tempo de erros (…) porquê, que o funeral do Azagaia deu o problema que está a dar, senhor embaixador? Os mortos não falam, senhor embaixador.”

 

Já para o Embaixador de Moçambique em Portugal, Joaquim Bule, “para além daquilo que agente aprende nas escolas, nas faculdades, que agente lê, foi possível ouvir relatos na primeira pessoa sobre factos que constituem longo percurso, difícil e doloroso sobre o qual o nosso País foi passando (…).”

 

De referir que o filme “Sonhámos um País”, é o título de um documentário biográfico de Camilo de Sousa, cineasta e antigo combatente da luta de libertação de Moçambique do jugo colonial português e da cineasta Isabel Noronha. O filme de 70 minutos contextualiza o reencontro de dois camaradas da FRELIMO e recorda o período pós-independência, quando a alegria da libertação deu lugar aos tempos sombrios em que a procura do “homem novo” veio destruir os sonhos e as ilusões de um País e de um povo que almeja voos maiores.

 

O filme foi exibido no ciclo de cinema do “Moçamicá”, onde estão em exposição obras de artistas plásticos de Moçambique na UCCLA em Lisboa, capital de Portugal. (INTEGRITY)

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