IMN – MOÇAMBIQUE, 07 de Julho de 2022 – A Agência das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) diz estar preocupada com as consequências humanitárias dos recentes ataques de Grupos Armados Não Estatais (GANEs) nos distritos de Ancuabe, Chiure, Mecúfi e Metuge, na província de Cabo Delgado. Um dos ataques recentes ocorreu a 35 quilómetros de Pemba, capital da província. Estes são os primeiros ataques nos distritos do sul de Cabo Delgado (com excepção de Ancuabe que testemunhou ataques em 2020). Esta informação consta de comunicado enviado à nossa redação nesta Quinta-feira.
O ACNUR afirma que está, especialmente, preocupado com a segurança e o bem-estar dos mais vulneráveis entre os deslocados, incluindo mulheres e crianças. Desde 5 de Junho, os GANEs atacaram diferentes locais nos distritos mencionados, incluindo um ataque a 30 quilómetros do cruzamento entre as estradas EN1 e EN380, que são regularmente utilizadas por organizações humanitárias, incluindo o ACNUR, para missões a Ancuabe, Chiure e Montepuez. Um número não confirmado de pessoas foram mortas (incluindo algumas por decapitação), várias casas foram incendiadas e bens saqueados, criando pânico em Ancuabe e nos distritos vizinhos.
De acordo com a DTM/IOM, de 2 a 22 de Junho de 2022, cerca de 36.000 pessoas foram deslocadas em Cabo Delgado. Aproximadamente 1.734 deslocados internos foram identificados com vulnerabilidades. Pelo menos 30% destes movimentos são chegadas à cidade de Pemba e 24% à Chiure. Pessoas e famílias que fugiram da violência afirmaram que a primeira necessidade é a alimentação, seguida de abrigo e itens não alimentares.
Os recém-deslocados precisam de assistência para salvar suas vidas, incluindo acesso a alimentos, abrigo e serviços básicos. As taxas de transporte aumentaram, significativamente, devido à crescente demanda. A maioria das pessoas continua a viajar a pé e está exposta a riscos de protecção, particularmente, pessoas com vulnerabilidades adicionais, como sobreviventes de Violência Baseada no Género, pessoas idosas, pessoas com deficiência, grávidas e mulheres solteiras chefes de família. Mulheres e meninas, também, estão expostas a riscos adicionais, como violência sexual, incluindo sexo de sobrevivência”.
O conflito armado em curso na província de Cabo Delgado, rica em petróleo e gás, resultou em graves abusos de direitos, a interrupção de serviços críticos e um impacto severo nos civis, particularmente nas crianças que representam quase metade da população deslocada. O ACNUR está a trabalhar em estreita colaboração com a equipa da Área Humanitária do País (AHCT), grupos e parceiros para garantir uma resposta coordenada com o governo para ajudar as famílias recém-deslocadas.
O ACNUR, devido à situação de segurança que continua volátil nos distritos afectados, entende que é prematuro promover retornos aos distritos afectados. Apesar de alguns retornos espontâneos às zonas de origem, o ACNUR destaca a importância de garantir que os retornos sejam seguros, voluntários e baseados em decisões informadas, e que os serviços básicos sejam restabelecidos nas zonas de origem. (Integrity)