E nestes encontros desenham-se vários cenários, dentre eles, caso Filipe Nyusi e os seus defensores não almejem esta intenção, espera-se que o novo Presidente da República tenha uma nova preocupação – viver na Ponta Vermelha, em Maputo e ver o ex-inquilino do palácio a ir viver em Cabo Delgado, o centro das atenções actuais em Moçambique.
Não serão dias fáceis caso, a pretensão venha a ser chumbada, uma vez que será difícil gerir o País sabendo que no El Dourado do gás, ruby, grafite e tantos outros recursos, está lá alguém que rubricou os contratos nos últimos anos e que poderá ter saído insatisfeito, principalmente num País, onde há alguns anos, o então líder da oposição, Afonso Dhlakama, quando decidiu abandonar a capital do País para a cidade de Nampula, acabou criando novas dinâmicas políticas e movimentações militares que culminaram em conflitos em vários cantos de Moçambique, com principal destaque para a região centro.
Entretanto, em caso de uma derrocada do melindroso projecto de renovação de mais um mandato, Moçambique terá um ciclo governativo tenso e com um Presidente, preocupado com possíveis ondas conspirativas ao longo das belas praias de Pemba ou Mossuril (Nampula), talvez haja uma obrigatoriedade para que o mesmo prevaleça na capital, porque caso não, poderemos assistir uma guerra de protagonismo e prestações de contas.
Uma vez que todos estão de olho em Cabo Delgado (até os grandes sanguinários políticos do nosso tempo estão de olhos e com pretensões do estilo sudanês). A guerra contra o terrorismo e a explosão de recursos na província, obrigou o mundo a não olhar Moçambique como um todo, mas sim, Cabo Delgado, como algo maior que um País inteiro.
Não quero imaginar a ginástica governativa que vira se um Presidente cessante, decidir mudar-se para sua terra natal após o fim do mandato. Teremos dois centros de poder em Moçambique, um em Pemba e outro em Maputo, onde convicções e vontades se cruzaram e o Serviço de Inteligência do Estado será obrigado também a dividir-se para dar vazão a possíveis contendas. Pois embora, o segredo seja uma transição pacífica e negociações do poder transparentes e sem amarras, porque se as coisas terminarem como em 2015, o País estará no seu status habitual de fortes tensões, com os garotos de recado sempre nas capas de jornais ou nos programas televisivos, a exibir a ignorância em nome de uma suposta sapiência.
Por outro lado, caso se decida por mais um mandato, a situação poderá ser mais tensa e caótica, uma vez que o actual executivo, demonstra não ter uma visão para o desenvolvimento do País a médio e longo prazo, facto demonstrado com a pilha de projectos falhados que trouxeram mais problemas que soluções (nas próximas edições nos dedicaremos a estudar cada um deles em detalhe) ao País, a não ser a introdução da estratégia cubana de sobrevivência política e económica, ou seja, faça tudo quiseres, desde que paguem as quotas e os impostos, agora se fores encontrado o problema é seu e não nosso (quem sabe?) .
Como sempre este será mais um teste a Paz, que nunca sai dos manifestos, livros, acordos e outros amuletos escritos na e sobre a Pérola do Índico desde a Independência nacional em 1975. É necessário que estejamos preparados para qualquer dos cenários que vier depois de Outubro de 2024 (…). (Omardine Omar)