IMN – MOÇAMBIQUE, 07 de Julho de 2022 – Um mineral é qualquer corpo sólido de ocorrência natural, formado, geralmente, por processos inorgânicos, com propriedades físicas e composição química definida dentro de certos limites e um arranjo atómico ordenado que lhe confere uma estrutura interna cristalina. O petróleo e o gás natural não são considerados minerais, pois, para além de serem líquidos e gasosos, não têm uma composição química definida e nem uma estrutura interna cristalina, do mesmo modo, o carvão natural (que erroneamente tem sido chamado de carvão mineral) não é mineral, pois, também não apresenta uma estrutura cristalina. O carvão natural ou carvão fóssil é uma rocha sedimentar de origem biogênica formada por processos naturais.
Os minerais fazem parte das nossas vidas, todos nós de alguma forma temos algum contacto com eles, podem ser encontradas nas rochas, nas areias das praias, rios e lagos. As areias das praias são, na verdade, constituídas por pequenos minerais, na sua maioria feldspato e quartzo, dois minerais silicatados e mais abundantes da crusta terrestre. Sua importância é tanta que serviu de marco na história da humanidade em função do desenvolvimento tecnológico, originando as fases que ficaram conhecidas como: idade da pedra – fase da história onde os homens primitivos usavam a pedra como ferramenta de trabalho; idade dos metais – fase onde o homem aprendeu a usar os metais bronze e ferro para a produção de ferramentas.
Portanto, a dependência por recursos minerais remonta à história da humanidade, o seu papel na economia actual é inquestionável, observando-se desde o alumínio em latas de refrigerantes, o lítio e o cobalto em equipamentos electrónicos como smartphones, o zinco em fitas isolantes prateadas e o cobre em todos os dispositivos eléctricos. Os vestimos como jóias, levam a electricidade para onde os queremos, usamo-los como materiais de construção e seus derivados estão presentes nas pastas de dente, detergentes, entre outros. A humanidade depende de elementos químicos extraídos de minerais, pois, eles fazem parte das nossas vidas de forma intensa.
Por detrás dos materiais de origem mineral que usamos, está uma longa cadeia produtiva, que começa com a localização de uma jazida mineral, seguida pela extracção do produto de interesse. Após a extracção o minério é beneficiado, de seguida ocorre o processo de concentração; depois a separação dos materiais de interesse que, posteriormente, são refinados e convertidos em metais ou outros produtos. Quando um recurso mineral útil ao homem se encontra de tal forma concentrado em um local, denomina-se depósito mineral, se o depósito mineral possibilita economicamente a sua extracção, isto é, com lucro, passa a denominar-se jazida mineral, ao passo que não sendo possível o seu aproveitamento economicamente denomina-se ocorrência mineral. O mineral-minério é a substância mineral objecto do interesse económico, enquanto que minério é a rocha hospedeira da mineralização, ou seja, a rocha que contém o mineral-minério. Os minerais associados ao mineral-minério, que inevitavelmente são retirados durante a sua extracção, mas sem valor algum, são denominados de ganga.
A produção e utilização das matérias-primas minerais observam rigorosamente aos ciclos económicos actuantes em sua época, esses ciclos, obviamente, serão mundiais, regionais ou mesmo temporais. Assim sendo, os países mais desenvolvidos a nível industrial, determinam a maior ou menor utilização de um bem mineral, forçando o mercado a adequar-se à sua realidade. Isso verifica-se em torno dos produtos consumidos naquele país e nos países periféricos. Os países em desenvolvimento ou periféricos são obrigados pela sua economia e baixo desenvolvimento industrial, a consumirem o que aqueles produzem, a importância de uma matéria-prima mineral é determinada por eles, isto é, pelos países mais industrializados, enquanto que os países periféricos não tem a liberdade de escolha na produção e utilização das matérias-primas necessárias às suas economias.
A dinâmica global impõe a busca da matéria-prima para a tecnologia disponível e não a tecnologia para a matéria-prima disponível. Portanto, ter a matéria-prima mineral não é mais importante do que ter o conhecimento e a tecnologia para transformar essa matéria em consumíveis, pois, estes últimos agregam valores para si em toda a cadeia produtiva e criam profissões cada vez mais especializadas, enquanto que os primeiros, tornam-se cada vez mais reféns da vida fácil obtida a partir da venda do “subsolo”, acomodam-se pelas divisas obtidas com as vendas dos minérios brutos, sem no entanto acrescentarem a eles acções que estimulem a agregação de valor e conhecimento às cadeias de produção. Estes que assim procedem serão sempre reféns mesmo que tenham em suas terras as maiores reservas dos minerais mais estratégicos a nível mundial, até que comecem a criar bases económicas e institucionais para se firmarem como estruturas produtivas autónomas e diversificadas. Uma das acções que se podem empregar para isso são os investimentos na educação, pesquisa e inovação tecnológica.
Vantagens económicas da mineração
Como dissemos, anteriormente, a mineração é uma actividade indispensável ao homem, é através dela que é obtida a maior parte dos materiais de que necessitamos hoje. A maioria dos produtos de beleza contém minerais como ferro, talco, bismuto zinco e sílica. São utilizados na produção de sabonetes, pastas de dente, shampoo, medicamentos, plásticos, entre outros. A comida que compramos é produzida em grande escala usando fertilizantes que contém minerais como fosfatos, enxofre, zinco, nitrogénio, potássio e fósforo, todos eles obtidos a partir da mineração.
Os equipamentos eléctricos utilizam diversos minerais como o cobre, chumbo, quartzo, ouro, tântalo, mica, etc. As jóias, relógios e smartphones têm na sua constituição o ouro, a prata, a platina, o cádmio, o quartzo, as ligas metálicas e podem incluir pedras preciosas. Portanto, desde a pequena agulha que usamos para coser a roupa, até os maiores motores de uma aeronave, usam os minerais ou produtos derivados deles. Sem o uso dos minerais e dos seus derivados, certamente que a humanidade retornaria à idade da pedra.
Alguns benefícios da mineração sustentável para a economia que podem ser citados:
- Indução do desenvolvimento sócio-ambiental regional ou local;
- Geração de empregos e meio de subsistência para as comunidades locais;
- Geração de incremento na arrecadação fiscal;
- Promoção do uso eficiente de energia;
- Promoção da consciencialização ambiental através dos programas de recuperação de áreas degradadas;
- Possibilidade de desenvolvimento de novas tecnologias.
[1] Licenciado em Geologia com Habilitação em Geologia de Engenharia e Hidrogeologia pela extinta Universidade Pedagógica da Beira, actual Universidade Licungo.